Tuesday, February 07, 2006

Sim

Senti o teu olhar ferido a questionar o meu, dividido entre a necessidade de procura e a ternura do abandono. Lembro-me de ter ficado presa no mundo dos meus mistérios, internamente mergulhada nas insónias decorrentes das promessas viciadas por palavras quentes. Lembro-me da imagem que guardei do teu rosto. Do teu olhar humedecido a perscrutar ao milímetro todos os movimentos do meu corpo, como se esses pudessem denunciar o sentido da minha decisão. Perdi a voz por instantes, na tentativa de lavar a alma no silêncio e de abrigar de ti meu coração. Ou de mim. Não sei. Na distracção do meu esforço, percebi, porém, que começa em ti tudo o que se sente. Que o destino dos meus passos é o teu caminho. Mesmo antes de debitar em palavras estes pedaços soltos de pensamento, concedeste-me um beijo teu sem qualquer condição. Tivesse tido eu a oportunidade e teria rasurado o segundo anterior de tristeza em teu coração. Pediste-me um nada. Porém, renovada de razões, dou-te agora a vida em pedaços inteiros de mim. Sim. É um sim.