Saturday, March 17, 2007

Pareces triste

Assim, recolhida em torno de ti, abraçada ao vazio que se acumula no espaço livre das ausências em ti encostadas. Assim, com lágrimas de despedidas recentes no canto do teu coração, agora desprotegido, do lado de fora do peito. Pareces triste e eu não sei como alcançar a sombra dos teus fantasmas e amarrá-los ao tempo passado a que pertencem. Mas não estou. Dizes-me sem nunca levantar o olhar do chão, anunciando, nas palavras que ficaram retidas na afonia dos sentidos, que quase desistes. Sento-me, calada, a teu lado mesmo que o não queiras, porque a minha vida também és tu. E a teu lado, a minha mão aberta a agarrar o teu coração…

Wednesday, March 07, 2007

Fui

Voltei a olhar-te. Limpei o pó da tua fotografia presa no meu corpo e rasguei o meu coração com a tua memória. Por segundos inconsciente, decidi voltar a esperar-te como se o tempo pudesse congelar a mudança. Redescobri-te em diálogo ameno com outros, vi-te ao longe e quis acreditar que eras menos distância. Ainda pensei que o tempo nos pudesse congelar naquele ponto em que eras mais eu do que tu. Mas não. Eras sombra e luz só por aqueles instantes face ao rodopio de lembranças despertas pelas partículas de pó sacudidas do passado. Foste. E não há amanhã contigo.