Thursday, November 09, 2006

«Escrever é soprar vida em objectos mortos.»
António Lobo Antunes

Tuesday, November 07, 2006

Falta-me...

O ar. De todas as vezes que me sinto escorregar na incerteza do real, vestimenta de tantos sonhos. Entro em pânico. Sempre que sinto esta incapacidade de olhar em frente e este sentimento tentador que tem sabor a desistência. Fecho os olhos. Inspiro e expiro o nervosismo que pulsa cá dentro. E se voltasse para trás, agora que ninguém daria por isso? Fraqueza, som que vem de dentro, de um qualquer canto recôndito da alma adormecida. Fraqueza. É precisamente o som que não queria admitir como melodia constante nos meus dias. E se fosse em frente, devagarinho, sem dizer a ninguém? Avançaria passo a passo, evitando os caminhos ruidosos da publicidade involuntária, e tentaria, chegada ao futuro, resolver estes destinos que não se determinam. Medo, tentáculos que enlaçam os meus movimentos e me impedem de avançar. Medo. De que todas as coisas que sempre alimentei com uma crença quase inabalável acabem simplesmente esquecidas e derrotadas. Falta-me o ar. E sinto-me escorregar na incerteza do que construo. Entro em pânico. Fecho os olhos. Fraqueza. Medo. É possível voltar atrás sem que me persiga este sentimento de desistência cobarde que hoje me assola o pensar?