Tuesday, September 05, 2006

Disse-te adeus e morri

Sempre. Entendimentos desencontrados do real que cerca a nossa visão. Da diferença, antes invisível, brota pequenina a mágoa constante que se aperfeiçoa com o passar do tempo e engrandece a dor com que se alimenta. Desapareces-me intermitente do horizonte do meu globo ocular, enquanto pisco insistente os olhos na esperança que a névoa que te acolhe se desvaneça no ar. Mas não, não te alcanço. Tenho comigo as palavras presentes que significam o contrário do significado dos teus passos. Elas não são mais verdade no meu coração. São meras palavras, pequenas demais, insuficientes para me abraçar na solidão que me ofereces. Olho para o corredor que se afunila nas minhas costas. Pensei que voltasses. Esta frase dita assim, timidamente, soa trémula, vibra no vazio e denuncia a tristeza pintada nos quadros que decoram o espaço. Engraçado. Antes não compreendia aqueles desenhos abstractos, despejados sem sentido naquelas telas. Hoje sinto que aqueles traços escondem um desencanto quase mágico. Mais ou menos o que hoje descubro. A magia revoltada por um desencanto viril e cruel. Baixo o rosto para apanhar uma lágrima que quase me escapa e tento com ela apagar a contradição sanguínea que as tuas palavras encerram. Quero deixar-te ir, agora que foste. E digo-te adeus.