Disse-te adeus e morri
Sempre. Entendimentos desencontrados do real que cerca a nossa visão. Da diferença, antes invisível, brota pequenina a mágoa constante que se aperfeiçoa com o passar do tempo e engrandece a dor com que se alimenta. Desapareces-me intermitente do horizonte do meu globo ocular, enquanto pisco insistente os olhos na esperança que a névoa que te acolhe se desvaneça no ar. Mas não, não te alcanço. Tenho comigo as palavras presentes que significam o contrário do significado dos teus passos. Elas não são mais verdade no meu coração. São meras palavras, pequenas demais, insuficientes para me abraçar na solidão que me ofereces. Olho para o corredor que se afunila nas minhas costas. Pensei que voltasses. Esta frase dita assim, timidamente, soa trémula, vibra no vazio e denuncia a tristeza pintada nos quadros que decoram o espaço. Engraçado. Antes não compreendia aqueles desenhos abstractos, despejados sem sentido naquelas telas. Hoje sinto que aqueles traços escondem um desencanto quase mágico. Mais ou menos o que hoje descubro. A magia revoltada por um desencanto viril e cruel. Baixo o rosto para apanhar uma lágrima que quase me escapa e tento com ela apagar a contradição sanguínea que as tuas palavras encerram. Quero deixar-te ir, agora que foste. E digo-te adeus.
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2 comments:
As vezes a vida prega-nos partidas... existem situaçoes das quais esperamos uma coisa e sai tudo ao contrario..
situaççoes que pensamos que trazem a felicidade e afinal, deixam marcas que ofuscam a felicidade...mas tudo tem um caminho, um destino que acabará por revelar-se positivo...
resta esperar
bjo
Que texto fantástico. Imagina como teriamos um mundo melhor
se na altura certa,(e apenas nessa) nos fosse permitido olhar
para dentro das pessoas que mais nos dizem e vice-versa e perceber,
sem trocar qualquer palavra, os motivos e as angústias de cada um.
***
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