Thursday, December 16, 2004

«Tudo era apenas uma brincadeira...»

Um dia quis pintar uma tela com as cores de uma fábula perfeita. Transformei o olhar adormecido de uma princesa numa presença viva de felicidade. Vesti o sapo de uma virilidade apaixonante e fiz das abóboras carruagens de ouro. Espalhei a alegria pelas ruas que quis imaginar e desdobrei o pincel, em gestos rápidos, em luzes e sons ondulantes. Esbocei os traços de um princípe numa qualquer esquina da minha história e fi-lo percorrer o trilho no sentido das muralhas do castelo dos meus sonhos e ainda acrescentei o rascunho do "foram felizes para sempre".
Um dia quis vestir-me com as mesmas cores e luzes da tela que soube inventar. Cedo percebi, porém, que não há fábulas que sobrevivam para além do mundo cor-de-rosa dos sonhos.
Desfiz com serenidade a magnificiente história e apaguei os resquícios de ilusão que ainda restaram.
Com desesperança consciente deixei de pensar o impossível e de desacreditar que pode haver pueril maneira de amar.



Joana Salvador

Thursday, November 25, 2004

Tenho as mãos trémulas de tanto escrever, numa escrita apressada onde as palavras se atropelam, onde o tudo que se quer dizer se disfarça por entre vírgulas e parágrafos mais ou menos previsíveis. Na ansiedade desenfreada de conseguir desenhar castelos de papel em sonhos infinitos, esqueço o rumo dos sentidos e perco-me na irracionalidade medíocre de quem desconhece o rasto da verdade. É essa verdade que procuro, que escondo de propósito e que arremesso contra o muro que me separa do mundo que queria alcançar. E vou vivendo das meias-mentiras que disfarçam sorrisos fáceis, do triste passar do tempo, do som sem cor... E vou morrendo aos poucos sem saber que a vida vive a meu lado, soltando gritos desesperados num vazio que ousei um dia construir.
Tenho o olhar cansado de tantas imagens que o preenchem, imagens do ontem e do hoje que perseguem o meu dia atordoado, presa a tanta coisa que não me prende, infinitamente enclausurada na memória de dias que já não vivo mais.
Paro de escrever e escondo o olhar na escuridão de um silêncio que quero, hoje, mais do que tudo, escutar com alma...

Joana Salvador





Tuesday, November 23, 2004

Eterno voar

Paris... nunca lá estive, mas sei que te reencontrei lá na passada noite, no meio de uma neblina intensa, onde se entrelaçaram nossos mundos numa natural perfeição. Eras tu... Reconheci-te mal te vi aproximar num jeito demorado, estendendo-me a mão com a meiguice única de um olhar que se não escreve. Na penumbra da noite, vi-te chegar com a saudade que nos envolve, uma saudade que aprendi a esquecer mas que reaprendo sempre que te sinto perto. E é inevitável que o nosso olhar se prenda, que o nosso corpo se toque e que os nossos lábios se unam ao som da melodia que nos acompanha desde a noite mágica em que nos conhecemos. Na atracção movediça que nos faz voar de noite ao encontro um do outro, a distância perde o sentido e inexiste perante este sentir que é nosso. Vi-te chegar e abracei os teus braços como quem abraça o mundo, num desespero feliz de quem sabe que os minutos acabam sempre por passar depressa demais. No terminal da nossa viagem, basta o silêncio e um mero olhar para tudo ficar escrito em nós. Aproximei-me e segredei uma lágrima de tristeza por te saber tão efémero em mim. E nessa ondulação vibrante em que nos sentimos mais uma vez, vamos-nos perdendo em nós, acariciando a pele suave dos corpos que se autonomizaram dos sentidos e que voam eternamente por entre a paralisia intensa do tempo. Não houve despedidas... nunca as há quando existe uma verdade indestrutível e imaterial...


Joana Salvador

Thursday, November 18, 2004

Lágrima, Saudade...

Que retrato presente pinto dos teus traços longínquos. Que saudades sinto do teu abraço forte, das tardes em que passávamos a jogar às cartas e da minha batota infantil, que saudades da tua ingénua incredulidade perante os "nomes malcriados" que o Herman José tinha a ousadia de proferir na televisão...
Saudades de te escolher a roupa que te fazia mais bonita e de te acompanhar nas tardes em que visitávamos uma qualquer vizinha para beber mais um chá e conversar sobre o tudo que era exclusivamente nosso.
Recordo-me dos nossos maravilhosos lanches a três, sentados na mesa redonda da cozinha, onde batiam os raios de sol da janela que dava para o quintal, em que o avô fazia o chocolate quente mais ternurento que alguma vez beberei. Sempre resmungavas entre dentes de alguma coisa, ou porque o avô se esquecia de pôr o açucar na mesa, ou porque simplesmente não tinha dado a corda ao relógio da sala de jantar. Sempre proferias um "não" deliberado quando me esgueirava, pequenina, de mansinho, para as escadas que davam para a casa do quintal, onde se encontravam os baús imponentes do passado, com as roupas e os sapatos de outrora, que eu gostava de visitar. Raramente me permitias ir para lá brincar, pelo que esperava que começassem as novelas que ridicularizavas mas que tanto gostavas de ver. Nesse momento, lá ia eu para um outro tempo e espaço. Rodopiava por entre as teias de aranha e o pó acumulado das paredes dessa casinha meio abandonada, onde guardavas o tanto que já tinha feito parte de ti. Das prateleiras, retirava algumas loiças, pratos e talheres oxidados pelo tempo, e compunha os meus eventos sociais, ali, num momento de sonho onde a minha felicidade era extrema.
O avô vinha, depois, aliciar-me para mais uma jogatina de dominó que ocorria quase todas as tardes, no café do Sr.Martins, que me oferecia sempre um qualquer doce. Talvez por isso, porque de dominó percebia pouco, estendia contente a minha mão. O avô jogava concentrado mas nunca percebi se ganhava ou perdia, porque mal acabava um jogo, já todos tinham mecanicamente ordenado as peças para uma nova partida.
É da simplicidade destes dias e do tanto que eles me davam que tenho mais saudades. Quanto aos abraços fortes... hei-de continuar a dá-los por entre estes rasgos de memória doce que trago em mim.
Em cada lágrima, uma feliz saudade...


Joana Salvador

Monday, November 15, 2004

É a mim que o fazes...

Sempre que distribuis um sorriso, um olhar meigo, uma atenção especial a um ninguém desconhecido, é a mim que esse sorriso ou esse olhar chegam com reconfortante aconchego. Sempre que choras numa tristeza sem igual, num silêncio doloroso, são as minhas lágrimas que te sulcam os traços irregulares do rosto. E nesse caminho solitário que percorro a teu lado, quase não dás pela minha presença, ignoras a minha sinceridade e o meu sentimento, foges do meu mundo e esqueces-te que não há outro onde possas habitar feliz.
É a mim que magoas quando te calas para sempre, é a minha alma que se dilacera de cada vez que viras as costas e partes para um caminho diferente. Em cada passo divergente há uma espada afiada que trespassa meu corpo e que corta cada pedacinho vivo de mim.
Nessa escuridão e distância em que mora o teu olhar, soubeste pintar uma rejeição que ainda não compreendo. Soubeste escolher o pior caminho, aquele cujos obstáculos seriam todos suportados por mim, aquele em que as minhas lágrimas valeriam por dois rostos tristes... Escolheste-o deliberadamente só porque sim, porque tinhas de fazer sofrer alguém. Por cada olhar que se entristecia a teu lado, era aumentada a minha dor. Por cada momento feliz, o meu sorriso triplicava de emoção.
E hoje, desconheço-te o amor, a verdade e a entrega. Tudo aquilo que quis acreditar como fazendo parte do teu mundo. Por isso, esperei, corri e tropecei num choro aflito. Por isso, fui enganando minha razão e meu desespero. E hoje, continuas sem conhecer o amor, a essência da verdade e a felicidade de uma entrega altruísta.
Mesmo assim, caminho invisível a teu lado, num desejo constante de que oiças as minhas palavras e mudes o rumo do teu destino. Estou a teu lado, mesmo que não sintas a minha presença e continuo a partilhar a tristeza e o sorriso, como se eu fosse apenas o "tu" que sempre quis converter...

«Tudo o que fizeres ao mais pequeno dos teus irmãos, é a mim que o fazes...»


Joana Salvador

Thursday, November 11, 2004

Paz no silêncio...

O caminho ruidoso que descarrila sobre os nossos sentidos e que nos leva a lado nenhum é um artíficio criado por uma necessidade de disfarçar o vazio permanente. Assim, no decorrer de dias cinzentos e frios, escondemo-nos em calendarizações rigorosas, em dias e horas planeadas, numa ansiedade medonha. Fingimos sorrisos e abraçamos o nada, aquele que nos une a uma vida que esquecemos um dia numa qualquer esquina labiríntica do passado.
Perdemos a autenticidade e vivemos por entre o ruído e a pressa, esquecendo que a paz pode haver no silêncio...
Só essa paz, tranquilidade interior, nos pode alimentar o espírito, devolver aquele sorriso náufrago de verdade e fazer de nós pessoas melhores a cada novo amanhecer. Nesta acrobacia veloz, em que se procura um equilíbrio saudável entre o ser e o estar, somos forçados a estabelecer prioridades, a destronar o superficial e o momentâneo. Coloca-se-nos o desafio de sermos maiores do que a própria existência e levitarmos acima de tudo o que é circunstancial. O desafio de não nos deixarmos corromper pelo tempo e pelo desgaste da escuridão que por vezes se instala. O desafio de conseguir sentir a felicidade nas secas migalhas dos dias. Nesse momento seremos muralhas superiores ao próprio tempo e espaço.

São breves os momentos que nos anexam à vida que tantas vezes rasuramos sem pensar que o amanhã pode nem sequer existir mais...


Joana Salvador

Tuesday, November 02, 2004

Roedores de Alma


«Evita as pessoas agressivas, porque elas desgastam o espírito...»


Nunca vos aconteceu esbarrarem, num qualquer momento da vossa vida, com um roedor de alma? Uma daquelas pessoas que vos suga as forças com um sorriso nos lábios, que, num abraço ternurento, vos deita na linha abaixo do chão e que com mentira disfarçada de uma qualquer verdade aparece intermitente nas vossas vidas?...
É de um vil lobo vestido com uma pele de cordeiro de que vos falo. E são tantos os lobos que por aí deambulam, quais abutres famintos de morte. Muitas vezes, dou por mim a tentar converter um ou outro para a essencialidade da vida, para o que é realmente importante, o alimento do espírito, recebendo em troca uma frieza afiada que trespassa a pele, depois todo o corpo. Até parece que sinto os seus dentes ávidos a desfazer um ponto qualquer da linha que nos protege a alma, lugar sagrado do «eu» mais profundo. E não contentes, rasgam todos os outros pontos até que a própria linha se esquece dos contornos que era suposto proteger... E nesse momento, somos despidos de corpo e de alma e somos as vítimas ideais para o crime perfeito.
Damos por nós, uns bons milhares de horas depois, derrotados por um silêncio avassalador num buraco mais frio que o próprio vazio. E só depois de não restar um qualquer pedacinho vivo de alma é que nos conseguimos levantar, meio cambaleantes, e dar uns passos em frente. Pequeninos, porque a cicatriz permanece e a dor não se cala.
Infelizmente, acabamos por nos habituar a este existir selvagem, tanto que às vezes transformamo-nós, nós próprios, em verdadeiros roedores de outras almas...


Joana Salvador

Wednesday, October 13, 2004

«Brandos Costumes»

Somos um povo de brandos costumes, dizem. E dizem-no num tom inocente e eufemístico para esconder a miséria de espírito e a mesquinhez de sentimentos.
Como se a palavra "brandos" conseguisse esconder as tromboses múltiplas deste nosso Portugal, que já deixou de andar, que corre parado num tempo e mundo para ele há muito desconhecidos. Como se os costumes ainda pudessem existir num mundo que carece de comunhão de interesses e de solidária humanidade.
E, como se a indignação fosse sinónimo de competência, levantam-se vozes que fingem quebrar os costumes (qual acto heróico e original), os que se dizem brandos, que soltam críticas avulsas e inúteis porque simplesmente destrutivas, que bufam segredos e congeminam esquemas para derrubar outras vozes que, mal sabem eles, porque não têm tempo para as escutar, são tão iguais às suas tanto na fonética quanto no contéudo.
No fundo, vive-se um monólogo que se rejeita a si mesmo, que tenta convencer-se e aos outros que se alimenta de uma razão absoluta e que alcança o impossível. E é nesse contexto que os brandos costumes se avivam. Absorvem-se os discursos mais idiotas, mais vazios e incoerentes desde que se possa ganhar alguma coisa com isso. É nisso que reside a grosseira apatia do povo português. No analfabetismo de diálogos que não se fazem, porque dão muito trabalho. É, de facto, muito melhor ouvir sem escutar! E assim se vive num rotativismo ideológico inútil e vazio. Com os brandos costumes, que o povo português exibe orgulhosamente, qualifica-se o ignorante e o astuto. Pretere-se o honesto e o inteligente. A meritocracia é ainda uma utopia. E ai de quem quiser mudar alguma coisa... Nessa altura, esqueçamos a brandura! Tudo em prol dos velhos costumes!

Friday, October 08, 2004

De repente quebra-se o silêncio e a espera desfaz-se pequenina por entre o oceano de horas cujo tic-tac não é mais ouvido. Nesse momento, a falta de oxigénio impõe uma inspiração prolongada, uma expiração consciente e um passo em frente...
É nesse passo, o que nos custa mais, que se depositam as mais fortes esperanças. No fundo, o Hoje mais não é do que uma ponte quebradiça entre o ontem e o amanhã. E é em função desse amanhã desconhecido que nos é exigida uma constância de movimentos. E é em função de um relógio que não sabemos parar que nos perdemos do Mundo sem saber o caminho de regresso.
A vida muda, traz-nos verdades, deteora as mentiras e faz de nós seres mais fortes mesmo sem o sabermos, mesmo que nos pensemos fracos e sem sorte. E é justamente num único passo que manifestamos a vontade e a força. Para tanto basta apenas que quebremos a cadeira sedentária a que, tão confortavelmente, nos sujeitamos, e que, num gesto de revolta e indignação, saibamos soltar a negação profunda de tão triste destino. Estou a um passo desse passo magnifíco que dignifico tanto quanto temo. Encontro-me agora neste túnel silencioso em que ginastico os meus músculos atrofiados e me preparo para passar para lá desta linha que me tem separado de mim e dos outros. Não levarei o passado, excepto os sorrisos que por lá fui deixando. Mais do que tudo, amarei o presente mais do que pensarei o futuro...

Joana Salvador




Tuesday, April 27, 2004

Viagem de Finalistas...

Poderia tentar descrever por letras vivas, numa sequência alegre de cores e de músicas, tudo o que me foi permitido viver na viagem que fiz recentemente... Mas não posso... Infelizmente, há sensações, momentos e imagens que não se reproduzem, nem mesmo através da omnipotência das palavras. Restam-me as recordações salpicadas de dias cheios de vida, de noites plenas de um calor irrepetível, de laços que se fortaleceram para sempre, de um tudo que não se guarda mas que se vive...

Sunday, February 29, 2004

Vejo-o todas as manhãs. Vou eu a sair de casa, atolada em códigos e livros maçudos, quando o vejo numa azáfama incomparável tendo em conta o cedo da hora. Desce e sobe a rua vezes sem conta, atarantado, olhando o relógio num alvoroço invulgar. Fala sozinho e esbraceja agressivamente quando, presumo eu, o “outro” argumenta algo do seu desagrado. Isto é assim há já alguns anos. Acho que as pessoas aqui da rua já se habituaram a ele, aos seus devaneios mais ou menos ridículos, às suas paranóias menos esclarecidas. Ninguém sabe de onde vem, onde mora ou se tem familia. Basta esta presença regular para que as perguntas deixem de ser feitas e passem a dar lugar às piadinhas fáceis, aos risinhos grotescos de quem passa. Uma noite, ao passar na Guerra Junqueiro, vi-o deitado mesmo em frente à montra da Corte-Fiel, enrolado numa manta retalhada, sozinho e com uma fatia de pão ressequida por entre os dedos gelados. Não tive coragem de olhar durante muito tempo. Nunca temos essa coragem, como se a carência extrema, no fundo, nos repugnasse. Mas a verdade é que me imaginei naquela situação, com o frio a trespassar-me o peito como duras espadas, com a solidão como única companheira, com uma fina manta a tapar uma dor que já nem sequer se deve sentir. Imaginei que histórias esconderá a secura daquele olhar, que recordações ou que sentimentos habitarão aquele coração doente. Lamento como todos lamentarão a crueldade que a vida reserva só para alguns. E só lamento porque sim, porque é o mais fácil, porque não tenho tempo para pensar muito nisso, porque também tenho as minhas preocupações, as minhas pequenas dores, os meus problemas. E viro o olhar sempre que os espasmos do meu coração se intensificam quando presencio estas realidades. Afinal, somos todos um pouco assim. A verdade, é que quando me imaginei naquela situação, só pensava o quanto seria bom se alguém um dia se lembrasse de mim e me viesse dar a mão, um gesto simples do tamanho do mundo. Afinal de contas, não seria preciso muito, se algum dia conseguíssemos abdicar um pouco de nós próprios...

Saturday, February 14, 2004

"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso..."

É curiosa a forma como o tempo nos vai concedendo as respostas que esperamos. Seja através de uma melodia forte, de uma manhã diferente, de uma vitória conseguida... Ainda que a cegueira que nos torna ingénuos pareça ganhar terreno em dias cinzentos, as horas que correm encarregam-se de nos encaminhar para a coragem de outros lugares. E é de felicidade que a nossa alma se veste quando nos apercebemos desses caminhos alternativos e desistimos do desesperante masoquismo do silêncio. É um sorriso sempre reencontrado que o nosso olhar desenha quando descobrimos que o brilho do escuro se apagou convictamente. Em alturas como estas, basta-nos essa felicidade, esse sorriso...
E neste dia em que os corações palpitam pelas montras de todas as lojas e em que o vermelho da paixão parece pincelar o sol da manhã, somos levados a perdermo-nos pelos olhares dispersos e ansiosos dos namorados que se aguardam desesperadamente. Numa simples corrida matinal, testemunhamos os sinais de um dia igual mas diferente, onde todos os encontros e desencontros são previamente planeados, onde qualquer meta fica a anos-luz do ponto presente. Por entre as batidas dos corações apaixonados, inesperadamente, o tempo parece encontrar-se e participar da mesma passada rápida e ofegante a que nos habituamos.
Ás vezes basta apenas um gesto ou a sua falta para podermos demolir os muros que o medo um dia fez erguer. E é inteiramente verdade que enquanto houver ventos e mar vamos sempre continuar a construir a terra dos nossos sonhos...


(Há bastante tempo que não actualizava o meu blog. A minha ausência cibernética deve-se a um vírus inesperado com o qual tenho construído uma bela inimizade! )

Tuesday, January 20, 2004

Há pessoas que, sem dar por isso, andam sempre com o coração do lado de fora do peito. São pessoas transparentes, que inspiram e expiram os sentimentos sem tabus viciadores e sem estrategemas forçados. Nem é necessário conhecê-las bem para perceber tudo isto. A sinceridade e a fidelidade sentem-se e explicam-se num mero olhar e uma simples palavra serve como prova incontestada disso. Aparentemente escolhem a timidez como arma defensiva na tentativa de contrariar a transparência de que são vítimas. E falo em vítimas porque não raras vezes são essas pessoas as mais susceptíveis à crueldade atroz do mundo selvagem que se constrói sob os muros falsos da maldade e da hipocrisia.
Isso de andar sempre com o coração do lado de fora do peito, sem uma armadura que o proteja, tem o seu elevado custo, medido em angústias, dor e lágrimas. Mas nada que consiga mudar a sua natureza de infinita bondade...
Tenho conhecido pessoas assim ao longo da vida e devo dizer que é curiosa a vibração forte e positiva da autenticidade...

Saturday, January 17, 2004

«O Último Samurai»

Há filmes que nos marcam pelo desempenho extraodinário de um actor, outros pela profundidade da história, outros ainda pela sublime realização ou pela vibrátil banda sonora. Há, no entanto, filmes que marcam por reunirem todas essas características em simultâneo. Foi o que me aconteceu desta vez, com o «Último Samurai». Invadiu-me uma estranha sensação de contemporaneidade perante as forças inimigas que se debatiam no filme. Os valores dos samurais, a tolerância, a ideia de honra e de serviço desmascararam a ideia errada que todos faziam deles. Eram vistos como selvagens irracionais, demagogos inconsequentes, obstáculo ao desenvolvimento e por isso alvos a abater. Tudo isto com base em julgamentos prévios e errados. Tudo isto com desconhecimento de causa. Quando, no decorrer do filme, somos transportados para o lado de lá, para a tranquilidade dos samurais e nos é dado a descobrir todo um sistema de valores prevalecente e verdadeiro, podemos questionar-nos acerca da evitabilidade de tantas guerras ao longo da história se, ao menos por uma vez, fosse levada a cabo a tentativa de entrar no outro mundo e entendê-lo.
Deste filme ficaram-me resquícios fortes de curiosidade. Este é, certamente, um daqueles filmes a rever vezes intermináveis...

Wednesday, January 14, 2004

E depois da desilusão?
O que vem depois de desmaiarmos sobre o pesadelo que é o de saber que nada do que sonhámos é concretizável?
As vozes agudas da tristeza calam-se, o medo insurge, as mãos tremem e as pinceladas incolores da dor esborratam a história que quisemos acreditar. Ficamos com o nada, com o terrível vazio que se apodera de nós, vazio que bebe das nossas lágrimas e que se alimenta da sonolência de sentimentos para, dia a dia, se fortalecer. Ficamos meio esquecidos e encontramos na noite a maior confidente. Esquecemos as batalhas da vida, fechamos as pálpebras do nosso olhar e acabamos escondidos do mundo e de tudo o que nos pode novamente provocar a lágrima.
Depois da desilusão vem o nada. Quem já a viveu sabe que ela pode ser de uma crueldade atroz. É com gestos de uma frieza glaciar que a desilusão nos vai arrancando da realidade e nos faz mergulhar num mar que acaba por ser apenas nosso. Sem desespero, porque não há nada a esperar. Sem força, porque ela não é mais necessária e, sobretudo, sem quaisquer defesas... Só nos assola um único desejo: o de que o novo amanhecer seja bem mais sedutor...

Tuesday, January 13, 2004

«...Não percas Tempo
O Tempo corre,
Só quando dói é devagar...»

Entre risos e lágrimas vamos escrevendo histórias que nos pertencem. Muitas vezes elas apagam-se da nossa realidade mesmo que nos pareçam inacabadas. Com as mãos cheias de nada vamos caminhando num misto de resignação e revolta. Revolta porque os fantasmas dançarinos que nos obrigam a pensar a saudade aparecem constantemente, quais protagonistas traiçoeiros da memória. Involuntariamente, há momentos em que o passado e as recordações que nele habitam surgem como a nossa única vida presente e em que perdemos a noção das mudanças que entretanto foram ocorrendo e que tornam insustentável o ressurgimento do que já foi vivido... E é de revolta que a nossa alma se veste quando é obrigada a conviver com a saudade, com as pequenas dores que dela se alimentam, e, ao mesmo tempo, é obrigada a desistir das imagens que vagueam errantes por entre trilhos de irracionalidade incontrolável. E é nesta correria alheada dos dias, em que a coragem se perde, que damos por nós fechados num tempo e espaço perdidos, insistindo em relembrar as fotografias que o tempo foi escolhendo sem critério compreensível. Resta esperar que, por entre as sombras vacilantes que se desenham nas paredes do nosso horizonte, resnasça aquele brilho perdido, quem sabe, num olhar, num gesto simples, numa melodia... um brilho que se encontra mas não se procura.
É entre risos e lágrimas que vamos escrevendo as histórias que nos pertencem... e que vamos aprendendo a decorar os lugares que são nossos...

Sunday, January 11, 2004

Há oportunidades que ou as agarrámos prontamente ou elas desperdiçam-se irremediávelmente no passar do tempo. Dizia-me um amigo há tempos que há timings para tudo e que a vida para ele não era mais do que um gigantesco relógio, cujos ponteiros não se compadecem com hesitações ou reflexões demoradas. O truque seria simplesmente apanhar boleia desses ponteiros magnifícos e absorver os segundos que passam como se fossem os últimos, porque nunca se sabe quando o relógio poderá avariar... Mas esse truque torna tudo tão superficial que me arrepia só de pensar que as coisas não têm que ter origens nem significados. Sentir-me-ia perdida se não tivesse que rotular momentos, escondê-los na memória numa tentativa de atraiçoar o próprio tempo. Sentir-me-ia vazia se não parasse de vez em quando para questionar um caminho ou uma resposta. Contudo, acredito que esse meu amigo tenha mesmo razão... a sua teoria é talvez a mais sábia de tão simples. Deixarmos de querer esquematizar as coisas no nosso pensamento de modo a ordená-las, dando-lhes um sentido lógico e ideal, será provavelmente a melhor solução para as conseguir viver plenamente.
Talvez a vida seja mesmo um “Big-Ben” disfarçado e nós simples seres à boleia para uma viagem sem retorno...

Saturday, January 10, 2004

« Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti. »

Há alturas em que nada parece fazer sentido. As recordações atraiçoam-nos de uma forma que invariavelmente nos conduzem a um estado de espírito nostálgico. É de derrota inconstante que se vestem os dias que nos transportam para o passado recente, passado que nos permitiu um sorriso, ainda que por instantes iludidos pelo nada. Por vezes parece que caminhamos num corredor estreito e frio, marcado por uma eternidade da qual não conseguimos fugir. As portas que se entreabrem à nossa passagem são sempre pouco apelativas. Há algumas pelas quais nos sentimos inexplicavelmente atraídos.
Somos ousados o suficiente para as alcançar... somos ousados para as abrir completamente. Quase sem darmos por isso estamos num quarto novo, com sons novos, paredes flutuantes, imagens intraduzíveis. Por um momento acreditamos termos escolhido o atalho certo. Quem dera que esse momento se pudesse prolongar no tempo sem que as cores apelativas desse mundo novo se tivessem de esbater por meio de uma escuridão traiçoeira. Quem dera que a verdade não fosse tantas vezes corrompida pela brevidade das palavras usadas um dia... Mas é sempre assim. A ingenuidade do olhar apanha-nos sempre desprevenidos por mais mecanimos de defesa que pensámos ter accionado.
É verdade que às vezes tudo é breve por um sopro... Contudo, com esse sopro esvoaçam tantas coisas importantes que nunca temos coragem de resgatar por ser sempre tarde... tarde demais...

Thursday, January 08, 2004

A solidão é o luxo sublime daqueles que sabem esperar... A maior angústia virá depois, quando nos habituamos a viver assim, numa independência galopante, quando o pulsar do nosso sangue é auto-suficiente para alimentar o nosso coração. Parece que a espera se torna a única existência possível e que é mais fácil uma pessoa afeiçoar-se ao silêncio do que a qualquer outra voz. A vida tem destas coisas... de românticos incuráveis mudamos para uma visão da realidade mais sensata mas muito menos apaixonante. Bem sei que há inúmeros riscos, que o tempo voa muito mais depressa que o nosso coração e que um dia destes ainda acordo sobressaltada e apercebemo-me de todo o tempo que já passou por mim. A verdade é que gosto de andar às voltas com a vida, procurando explicar talvez o que é simplesmente inexplicável, escrevendo sobre o meu próprio crescimento na tentativa de alcançar algo que me consiga arrancar da letargia do comum.

«Passei ao lado do Mundo e tomei a história pela vida»
Jules Michelet

Se o Mundo durasse um dia...

E se o Mundo durasse apenas um dia? No choque de uma tal inevitabilidade, o tempo adormeceria por breves instantes numa perplexidade absurda, para depois continuar apressado e indiferente tal e qual um ladrão deliberado de minutos e memórias...
Esse dia teria cor? Talvez adquirisse uma palidez cinzenta e triste, perdendo progressivamente a nitidez dos seus traços, reduzindo-se no fim a um mero esboço rascunhado de vida...
O tempo continuaria a correr... a tez pálida dos dias seria a mesma com a qual somos confrontados todos os dias...
O que mudaria? Provavelmente a intolerância, a pressa, a escravidão de sonhos e de projectos, a espera por um futuro que passaria a ser o presente... Provavelmente não teríamos tempo para pensar... com muita certeza devolveríamos ao Mundo, nesse último dia, as cores e os sons de que somos feitos e iríamos buscar no lugar mais recôndido dos nossos corações tudo o que Amor nos ensina mas que aprendemos a ignorar. Certamente, deixaríamos de querer sentir à velocidade de luz, de correr nervosos e agitados como se fosse nossa obrigação andar atrás do tempo e não o contrário. Talvez apagássemos da nossa testa a linha tensa do dessassego, dos nervos, do cárcere silencioso da rotina, do medo de parar... talvez parássemos mesmo... e redescobríssemos a simplicidade de que somos revestidos.
E se o Mundo durasse só um dia? Provavelmente seríamos mais felizes...

Tuesday, January 06, 2004

Há pouca coisa que não tenha sido já objecto de estudo e de reflexão. Criam-se ciências para os mais variados gostos e manias, valendo aqui a já histórica frase de Nelly Monserrat, a de que não se deve negar à  partida uma ciência desconhecida (certamente todos recordarão o anúncio televisivo, através do qual tal brilhante taróloga publicitava os seus excêntricos exoterismos!). A propósito disto, dei por mim a pensar nas pseudo-ciências que tentam estudar aquilo que será, muito provavelmente, inestudável... Dei por mim a enumerar as esgotadas tentativas de estudar a personalidade humana. De facto, escrevem-se teses sobre os mais diferenciados comportamentos humanos nos mais variados contextos sociais, descrevem-se situações-padrão... mas a verdade é que essas análises, sendo mais ou menos elaboradas, jamais esgotarão a variabilidade infinita dos meandros que contribuem para definir a personalidade de cada um de nós (se é que a personalidade pode ser definitivamente definida...tenho as minhas sérias dúvidas...). Estaremos aqui no campo do infinito e neste campo não se joga com possibilidades esgotáveis. Mas, dizia, dei por mim a reunir algumas dessas auto-denominadas ciências que julgam conseguir definir a personalidade humana. Desde a quiromancia, que ousa descobrir-nos pelas linhas mais ou menos definidos das nossas mãos, até à astrologia, que define o nosso comportamento através de uma influência, que se quer omnipresente, dos astros, estamos perante um sem nunca acabar de tentativas (a que os mais cépticos renunciarão!) para que acreditemos em transcendências que nos influenciam e às quais jamais poderemos fugir. Temos tendência ou não para a depressão porque na nossa mão está desenhado uma linha de determinada forma. Somos alegres ou românticos simplesmente porque os astros que acompanharam o nosso nascimentos assim o determinam. Para além destas teorias simplistas, há uns tempos descobri outra maneira, não menos supreendente, de determinar a nossa personalidade: através da caligrafia. Bem, nesse campo, que me é particularmente caro, já que a minha letra não prima pela perfeição nem pela beleza gráfica, julgo não poder ser imparcial. No entanto, não poderia deixar de tentar inovar. Facilmente encontramos situações quotidianas susceptíveis de análises deste género. Imaginemos uma nova ciência: A Metrologia, que teria como objecto o estudo do comportamento humano através da forma como as pessoas se sentam no metro e como reagem às diferentes situações, desde a existência de numerosos lugares vagos, até à enchente habitual das horas de ponta. Certamente, estarão a achar este devaneio bastante rí­diculo (até eu...). Muito provavelmente não se afastarão muito da verdade. Mas, nunca se questionaram sobre estas coisas? Às vezes, não vos assolam pensamentos tão absurdos e impensáveis quanto este que vos acabo de descrever? Se sim, então a única diferença é que eu respondo a esses impulsos escrevendo, correndo o risco de os meus pouco leitores desisitirem de o ser. Mas, no fundo, esta foi talvez uma tentativa de tentar fugir à  abstracção que me caracteriza e de querer mostrar alguma versatilidade. No entanto, bem sei que esta justificação pouco abonará a desfavor da insensatez absurda que invade as palavras que tenho escritas. Correrei esse risco...

Monday, January 05, 2004

O ser humano tem uma tendência natural para o egoísmo e por mais que nos recusemos a acreditar nisso, somos sempre forçados a admiti-lo. De todas as vezes que pensamos conseguir extravasar o nosso pequeno mundo, eis que um capricho até aí ainda não satisfeito nos faz recuar e voltar para a insensatez de uma realidade que só a nós pertence e que se torna cada vez mais efémera, inconstante à medida que os desejos insaciáveis se sucedem no tempo. Por diversas vezes questiono a contradição de o ser humano ser gregário e simultaneamente profundamente egoísta. Contudo, talvez nem seja uma contradição tão evidente quanto isso. Para tudo precisamos dos outros, mesmo quando se trate somente de alimentar preversamente os nossos únicos caprichos. Provavelmente o egoísmo congrega em si inevitavelmente uma carga intensa de necessidade de socializar, ainda que aparentemente isso encerre algum grau de contradição. Até podíamos ir mais longe neste raciocínio... pensemos nas relações amorosas entre as pessoas. Este é um campo em que a partilha, a dádiva incondicional e o amor encontra a máxima concretização. Mas se aprofundarmos a questão e a compararmos com o que acabou de ser dito, podemos facilmente descortinar que, mesmo neste campo, em que parece não haver espaço para o egoísmo, este sentimento nos derrota por completo. De facto, só partilhamos, só nos damos se isso implicar e enquanto durar a nossa própria felicidade... Damos para recebermos sempre. E quem, romanticamente, desacredite esta verdade está a contradizer aquilo que consubstancia a maior tentação para o ser humano, que é a de alimentar o seu próprio ego e a sua realidade pequena e insignificante. Há, felizmente, raras excepções, exemplos de coragem e de abnegação da própria felicidade, mas, como todas as excepções, estas servem também para demonstrar e confirmar a regra...

Sunday, January 04, 2004

Espera inconstante

É estranho esperar por alguém. Mais estranho é quando sabemos que essa espera não significa mais do que um abraço no vazio. Se me perguntarem porque espero, dificilmente saberei responder... provavelmente mentirei, dizendo que acredito nas razões ocultas que se prendem à  inércia dos meus movimentos. Direi que acredito sem nunca ter acreditado. Mesmo assim, continuo sentada na esquina dos meus sentidos à  espera... talvez não espere nada, mas queira achar que sim, de modo a justificar este silêncio que me invade e que não me incomoda, esta solidão que já não me surpreende e esta tranquilidade que me apaixona. Alegremente, ignorando as vozes sábias de bons conselhos, desarmo as minhas mãos e vendo-me ao sabor da incerteza sem nunca pretender olhar para trás, sem nunca sentir remorsos por perder para sempre a oportunidade de regressar ao ponto em que me era possível lutar. No fundo, caminho nua, completamente despida de sentimentos, sem saber para onde ir. Às vezes acho que é por ti que espero, se bem que a tua imagem seja muitas vezes mera ondulação desfocada no meu pensamento. Se é por essa imagem, cujos recortes ní­tidos desconheço, que me aquieto então a minha espera é, como já disse, um abraço no vazio, porque é um vazio corrosivo que a tua presença ausente sempre me impõe. Outras vezes, acho que espero, não por ti, mas por mim, por sentir que os meus passos se arrastam, algumas vezes, meio perdidos, num rumo incerto, para o nada. E quando me sento, num desalento conformado, sem forças para ter força, finjo esperar por alguma coisa. Tento acalmar o desespero da minha resignação e procuro justificações... digo que espero por algo que não sei bem o que é ou então deposito as minhas desmotivações no que finjo não sentir por ti. A verdade é que provavelmente estarei somente à  espera de me encontrar de novo, de recuperar algumas certezas para conseguir electrificar o silêncio ensurdecedor que me rodeia e poder continuar a decifrar o que está ainda por vir...
Ontem despedi-me novamente do meu verdadeiro espaço... passou a época natalícia com toda a azáfama a que estamos habituados e entramos num novo ano vestidos com renovadas esperanças acreditando que um simples salto de uma cadeira com o pé direito é capaz de melhorar em tudo o que nos está reservado para este ano.
E o que dizer das previsões dos astrólogos, tarólogos ou simplesmente adivinhas charlatões deste país? Com o olhar circunspecto e concentrado tecem considerações sobre a economia em recessão (uma grande novidade!), sobre a guerra no Iraque, coisa que, aliás, ninguém conseguiu prever para o ano 2003 ou então, não querendo ser injusta, se alguém previu não deu importância... afinal de contas é só mais uma guerra (!), mas a previsão mais engraçada é a relativa ao desempenho da selecção portuguesa no Euro 2004. Bem mais cautelosos do que foram nas previsões para o Mundial em que todos viam, nas linhas mais ou menos definidas do futuro, Portugal quase campeão do Mundo, desta vez limitam-se a dizer que a nossa equipa não é coesa e que provavelmente não vai passar da primeira fase. Disse que esta era a previsão mais engraçada... Então o que dizer da relativa ao vencedor dos Ídolos, o programa da Sic? Será talvez a menos feliz. Em torno da unanimidade de todos os denominados nostradamus de Portugal que só viam o Ricardo como vencedor só pode ter sido obra do Diabo o facto de o Nuno ter ganho o programa. Enfim, já dizia o outro que prognósticos só no fim do jogo...
E depois destes desabafos bem mais ligeiros do que os anteriores (talvez seja uma mudança operada pela conjuntura dos astros neste novo ano!) espero ter ido ao encontro de algumas críticas que me foram sendo feitas por um amigo (só um amigo para se dar ao trabalho de ler os meus textos e ainda por cima discuti-los comigo!) que pedia menos profundidade! Mas a verdade é que não sinto que escrevo com tanta profundidade quanto isso... falo das coisas mais simples que podem ser descritas, porque toda a gente as vive de uma forma ou de outra. A minha escrita não é impulsionada... ela acontece por uma necessidade que muitas vezes não consigo entender. Se quiserem, este é o meu estigma!!!
Um ano de 2004 Feliz e recheado de tudo o que mais desejarem!