Saturday, January 10, 2004

« Porque tu
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti. »

Há alturas em que nada parece fazer sentido. As recordações atraiçoam-nos de uma forma que invariavelmente nos conduzem a um estado de espírito nostálgico. É de derrota inconstante que se vestem os dias que nos transportam para o passado recente, passado que nos permitiu um sorriso, ainda que por instantes iludidos pelo nada. Por vezes parece que caminhamos num corredor estreito e frio, marcado por uma eternidade da qual não conseguimos fugir. As portas que se entreabrem à nossa passagem são sempre pouco apelativas. Há algumas pelas quais nos sentimos inexplicavelmente atraídos.
Somos ousados o suficiente para as alcançar... somos ousados para as abrir completamente. Quase sem darmos por isso estamos num quarto novo, com sons novos, paredes flutuantes, imagens intraduzíveis. Por um momento acreditamos termos escolhido o atalho certo. Quem dera que esse momento se pudesse prolongar no tempo sem que as cores apelativas desse mundo novo se tivessem de esbater por meio de uma escuridão traiçoeira. Quem dera que a verdade não fosse tantas vezes corrompida pela brevidade das palavras usadas um dia... Mas é sempre assim. A ingenuidade do olhar apanha-nos sempre desprevenidos por mais mecanimos de defesa que pensámos ter accionado.
É verdade que às vezes tudo é breve por um sopro... Contudo, com esse sopro esvoaçam tantas coisas importantes que nunca temos coragem de resgatar por ser sempre tarde... tarde demais...

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