Tuesday, May 08, 2007

A desilusão é invisível aos olhos de quem a não vive, mas é de tal maneira forte por dentro que se vai instalando em todo o ambiente decorativo, em silêncios insignificantes, é de tal maneira intensa que quando se dá por ela não há nada que se possa fazer para a não viver. A desilusão, palavra que é decerto pequena para significar a tamanha dor que inflige no que é real, apaga o sentido das coisas, desmancha o coração em pedaços e custa a abandonar a alma onde assentou a poeira do desgosto. É pesarosa, insistente, tortuosa nos caminhos por onde se evidencia. Insistente. Tortuosa. Torturante. A desilusão. Ela corrói os tendões que ligam o coração à vida, elimina qualquer sorriso que perdure e transforma o passado em único reduto de existência possível. O estado vegetativo de um corpo desiludido é uma quase morte extensível ao futuro que não será.

Friday, May 04, 2007

Ainda ando à tua procura...

Atende. Por favor, atende. Não denuncies a distância com a mensagem automatizada escrita pela tua voz formal. Não te escondas por detrás desse vidro transparente que finge abafar o teu choro calado. Atende e deixa-me encontrar-te. Atende. Ando nervosa, apagada da realidade absurda de tão frenética, palpita-me o coração que está longe, contigo, nesse lugar ermo de cor, no cimo dessa ponte frágil sem outra margem, tremem-me por dentro os vasos sanguíneos que arrefecem o meu corpo. Deixo mensagem na tua caixa de correio e volto a marcar o teu número....

Nunca chegaste a responder.

O meu coração parou no momento em que deixaste de respirar.

Estou gelada. O sangue não me corre nas veias. E a minha alma ainda anda à tua procura.