Monday, February 19, 2007

Tu

Ensinas-me a ser. A respirar. A levantar voo mesmo com asas feridas e pesos de dores antigas nas minhas costas. E eu levanto-me e nem te agradeço o oxigénio que me permites respirar em mundo de negro monóxido que me fere os pulmões. Não é por mera indiferença, nem sequer por ingratidão egoísta, porque jamais soube vestir-me de estados tão frios de alma. Simplesmente, não consigo olhar-te. Nem mesmo quando me deito a teu lado na penumbra da nossa história, escrita a dois soluços desencontrados do tempo. Sinto-te apenas e não ouso querer mais do que isso. Aprendo-te assim, neste silêncio que une as arestas do nosso mundo quadrilátero, sem questionar a tua ausência quando não estás e sem te abraçar na presença difícil dos momentos. Sei-te apenas. Basta isso para conseguir ser melhor, para fortalecer esta minha fraqueza que se desfaz em lágrimas e ergue medos em meu redor. E ao saber-te não preciso de mais nada, nem de outros sorrisos, nem de outros abraços, nem de conquistas fáceis que invertem o sentido da essencialidade da verdade.