Tuesday, May 08, 2007

A desilusão é invisível aos olhos de quem a não vive, mas é de tal maneira forte por dentro que se vai instalando em todo o ambiente decorativo, em silêncios insignificantes, é de tal maneira intensa que quando se dá por ela não há nada que se possa fazer para a não viver. A desilusão, palavra que é decerto pequena para significar a tamanha dor que inflige no que é real, apaga o sentido das coisas, desmancha o coração em pedaços e custa a abandonar a alma onde assentou a poeira do desgosto. É pesarosa, insistente, tortuosa nos caminhos por onde se evidencia. Insistente. Tortuosa. Torturante. A desilusão. Ela corrói os tendões que ligam o coração à vida, elimina qualquer sorriso que perdure e transforma o passado em único reduto de existência possível. O estado vegetativo de um corpo desiludido é uma quase morte extensível ao futuro que não será.

5 comments:

Anonymous said...

Bem te compreendo...
Quero transmitir-te toda a força do mundo.
Beijo enorme
A.

da. said...

...mas talvez exista um lado com mais luz na desilusão...uma des-ilusão talvez seja também um acrescento..uma forma positiva de saber..isto porque daí para frente pelo menos dessa ilusão estamos livres...

Anonymous said...

A desilusão só é verdadeiramente sentida quando nos excedemos na concretização do inverso. E, para quem não sabe desistir, a desilusão é como um "game over, do you want to restart?" ao qual impulsiva e imediatamente a resposta é sim...
Tristezas não pagam dívidas e as taxas de juro não param de aumentar...

Um_palhaço_triste said...

Como sinto a tua desilusão... eu chamo-lhe monstros, essa insistente teia de aranha que se tira uma e outra vez daquele canto na esperança, quiçá vã, de que desapareça... ao invés parece cada vez ser maior e açambarcar cada vez mais os primeiros esquissos de futuro.
Mais uma vez, grande escrita...

Velasquez said...

Venho deixar um abraço, muiuda:)