Wednesday, January 14, 2004

E depois da desilusão?
O que vem depois de desmaiarmos sobre o pesadelo que é o de saber que nada do que sonhámos é concretizável?
As vozes agudas da tristeza calam-se, o medo insurge, as mãos tremem e as pinceladas incolores da dor esborratam a história que quisemos acreditar. Ficamos com o nada, com o terrível vazio que se apodera de nós, vazio que bebe das nossas lágrimas e que se alimenta da sonolência de sentimentos para, dia a dia, se fortalecer. Ficamos meio esquecidos e encontramos na noite a maior confidente. Esquecemos as batalhas da vida, fechamos as pálpebras do nosso olhar e acabamos escondidos do mundo e de tudo o que nos pode novamente provocar a lágrima.
Depois da desilusão vem o nada. Quem já a viveu sabe que ela pode ser de uma crueldade atroz. É com gestos de uma frieza glaciar que a desilusão nos vai arrancando da realidade e nos faz mergulhar num mar que acaba por ser apenas nosso. Sem desespero, porque não há nada a esperar. Sem força, porque ela não é mais necessária e, sobretudo, sem quaisquer defesas... Só nos assola um único desejo: o de que o novo amanhecer seja bem mais sedutor...

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