Saturday, February 14, 2004

"Tira a mão do queixo, não penses mais nisso..."

É curiosa a forma como o tempo nos vai concedendo as respostas que esperamos. Seja através de uma melodia forte, de uma manhã diferente, de uma vitória conseguida... Ainda que a cegueira que nos torna ingénuos pareça ganhar terreno em dias cinzentos, as horas que correm encarregam-se de nos encaminhar para a coragem de outros lugares. E é de felicidade que a nossa alma se veste quando nos apercebemos desses caminhos alternativos e desistimos do desesperante masoquismo do silêncio. É um sorriso sempre reencontrado que o nosso olhar desenha quando descobrimos que o brilho do escuro se apagou convictamente. Em alturas como estas, basta-nos essa felicidade, esse sorriso...
E neste dia em que os corações palpitam pelas montras de todas as lojas e em que o vermelho da paixão parece pincelar o sol da manhã, somos levados a perdermo-nos pelos olhares dispersos e ansiosos dos namorados que se aguardam desesperadamente. Numa simples corrida matinal, testemunhamos os sinais de um dia igual mas diferente, onde todos os encontros e desencontros são previamente planeados, onde qualquer meta fica a anos-luz do ponto presente. Por entre as batidas dos corações apaixonados, inesperadamente, o tempo parece encontrar-se e participar da mesma passada rápida e ofegante a que nos habituamos.
Ás vezes basta apenas um gesto ou a sua falta para podermos demolir os muros que o medo um dia fez erguer. E é inteiramente verdade que enquanto houver ventos e mar vamos sempre continuar a construir a terra dos nossos sonhos...


(Há bastante tempo que não actualizava o meu blog. A minha ausência cibernética deve-se a um vírus inesperado com o qual tenho construído uma bela inimizade! )