Wednesday, August 23, 2006

Nunca te perdi

Hoje, doem-me a saudade e a morte lenta dos sentidos que a ausência traz.
Senti-te flutuar junto do meu espaço momentos antes de acordar. Sabia que se abrisse os meus olhos a vibração do teu sorriso se esfumaria na pressa do tempo real. Por isso, mantive-me estática, com os olhos afogados na almofada. Só a sentir-te. Sorrias pacientemente, com olhos doces de saudade, enquanto me afagavas o cabelo com a paixão de outrora. Sopraste-me um beijo de despedida ao ouvido, com palavras de vida. E deixaste-me inerte, ainda de olhos cerrados, com um arrepio permanente que ainda percorre todos os nervos do meu corpo e me impede de te deixar de pensar.
Trago-te em mim em cada lágrima que cai vagarosa na tua voz escrita nas linhas do passado, sinto-te no silêncio que tanto quero agarrar em mim, és a luz que me desperta para a vida e por trás dos meus olhos é a tua imagem que me alimenta a força de ser forte.
Hoje revisitei todos os teus lugares, os sorrisos, os abraços, toda a ternura e cumplicidade construídas nos laços que a vida nos dá. As cores da tua presença preenchem a dor que hoje é profunda e apaziguam este choro ferido de te saber longe.
Amanhã, mesmo antes de acordar, vou embrulhar-me quieta nos lençóis, à tua espera. E depois. E em todos os dias da minha vida…

2 comments:

Anonymous said...

Breathtaking!

AP said...

Se alguém algum dia conseguiu verter em papel um sentimento, esse alguém és tu.