Friday, May 20, 2005

Congelo o relógio e parto para longe de mim. Por instantes cheios de um horizonte interno, vislumbro no céu uma noite pueril anterior a qualquer madrugada. Pensamentos em convulsão. Palavras cortantes atravessam a minha alma e voam com ela para um outro lugar, mais distante e profundo. E ao mesmo tempo em que desvanecem os contornos externos do meu corpo e em que o desespero estremece agarrado a mim testemunho uma forte sensação de ausência. E nesse caminho em que provo a carência de mim mesma, sinto aproximar a saudade que me oprime. Quero ser escritora dos meus dias, fazer nascer parágrafos longos, capítulos de eternidade. Certamente serias personagem principal de tantos textos impregnados do teu sorriso, da tua ternura a atravessar o meu corpo, do teu toque que queima a minha pele, da tua verdade... E passas a estar presente. Ao som da tua melodia doce consigo mergulhar numa profundidade única de emoções e não consigo escrever senão num jeito forte e apressado, nessa escrita onde apareces como contrastante brisa suave. As minhas mãos transpiram estilhaçadas pela certeza de que não te consigo descrever devido ao limitado universo das letras. E no segundo em que me resigno a esta incapacidade, apenas quero olhar-te mais uma vez, sentir tudo, fugir e ser plena...

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