Friday, October 07, 2005

Porque a vida só vale por todas as pessoas que amamos

Declino o sono e avanço pela noite fria, sentindo-te tremer a meu lado na insónia estreita por onde passam eternidades vestidas de negro.
Doem-me os teus olhos cansados e perdidos entre o tudo e o nada, pólos equidistantes e recorrentes nos teus dias. Dói-me esse brilho de lágrimas contidas à força no teu espírito e esse peso soturno no teu coração. A sangrar apenas quero ser força no teu caminho, ser, sem saber quem. A luz inocente do teu ânimo. Doem-me os teus passos arrastados e fechados que olham para trás a cada movimento deturpado de determinação. Dar-te-ia se pudesse a paz de não te doer e ficaria em troca com o teu inferno. Para sempre.

1 comment:

Anonymous said...

O teu texto mais bonito de sempre. O desprendimento da nossa realidade em prol da realidade do Outro é (também) o meu ideal de vida! Se um padre dá a sua vida a Deus quando recebe a ordenação, o mesmo acontece a cada um de nós quando no esforço diário de cada dia e no meio das nossas preocupações se abandona no e pelo Outro! Obrigado, Paixão eterna!