Thursday, November 10, 2005

É no escuro que me encontro quando de ti me lembro, do teu olhar vazio e faminto de dor. Pareces sombra feliz, vives no ermo chamado angústia, atormentas a pureza do meu espaço e ameaças a inevitabilidade da minha fraqueza. Este latejo cadenciado de nervos sonoros espezinha o meu corpo rastejante no chão frio desta casa de que não lhe conheço a cor, é nascente destas lágrimas que não sinto, mas que me matam a alma e impõe-me a estagnação no caminho. Medo. De mim, do pulsar descoordenado no coração dirigido a ti. De ti, da tua ausência agora irreconhecível e extraviada do horizonte de um abraço. De nós, do abandono das defesas que nos protegem e dos muros que o silêncio ergue. Medo. Da consciência de perder a cor do tempo e dos sorrisos e da transparência e da verdade. Afasto-te do meu mundo, afunilo a tua imagem, a tua existência, no esgoto moribundo da desgraça e espero apenas. Estática espero ouvir a voz que me abandona, aquela que se silencia sempre que és presente. E escuto. E sigo para o caminho que o meu coração indica. E é para longe de ti.

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