Friday, July 27, 2007

Pedaços de ti

Ela diz que ainda ontem sonhou com essa leveza, a que sustenta o teu sorriso cativante, mas não te encontrou. Desvanecem-lhe os traços do teu corpo por entre sonhos confusos feitos de presenças e ausências descontroladas em tempos e espaços indecifráveis.
Ela continua a dizer que é inútil a esperança e que o sonho mais não é do que soma forçada de pedaços de outras vidas que as mãos nunca tiveram coragem de agarrar e de momentos irreais cuja construção só serve para abalar a comodidade da solidão.
Mesmo descrente, parece que te continua a sonhar à noite e que é feliz nessa realidade de personagens e de histórias construídas fora do mundo das pessoas de verdade. Nesse imaginário protegido apareces vagamente descrito como luz intensa numa verdade quase infantil, as tuas mãos são fielmente reproduzidas em imagens de infindável doçura e o esboço do teu olhar é traduzido por palavras apaixonantes onduladas pela química dos sentidos.
Ontem, ela confidenciou-me que te quer rasgar da memória e que não volta a visitar-te. Mas à noite, tu és mais forte do que a resolução imediata de te esquecer e sei que ela voltará a encontrar no sonho que protagonizas a felicidade que existe na magia do desconhecido.

1 comment:

Um_palhaço_triste said...

com a noite vem a luz que revela o que escondemos com a racionalidade... porque essa sim é a maior mentira... aquela que nos impomos como verdade.
Obrigado "noite" e obrigado Joana (de novo no teu melhor)