I hurt myself today
- Achei que podia distrair-te o espírito de outras coisas e dar-te um pouco de ânimo.
Pousei a mão em cima da sua. A pele é macia. Respondi com olhos errantes ao longo da linha do mar. Palavras não são úteis em momentos como este, em que não é possível explicar que as minhas lágrimas mais não querem rasgar a pele que trago vestida na esperança que uma outra me sirva melhor e que não há retorno no caminho desta morte lenta dos sentidos. No meu lugar, tu, com o teu feitio expansivo, terias sacudido o silêncio mortal que vem sugando a força da alma e estarias hoje com capacidade de distrair o espírito de outras coisas. Mas o meu coração é diferente. É espinhoso e compacto. Precisa sempre de analisar escrupolosamente a verdade, fazer um diagnóstico do medo e da traição, o que o torna sempre mais desapaixonado. E desta vez é diferente. Antes, através dos teus olhos, chegavam até mim o milhão de pequenas coisas vivas que já me fizeram impulsionar os sentidos. Mas hoje não. Hoje não vejo mais do que uma sombra a percorrer-te o rosto, os teus olhos também tristes e os teus silêncios.
- Vai ficar tudo bem. - Encosto apenas a minha cabeça no seu ombro numa aflição enorme, os meus braços agitam-se num abraço, como se quisessem transmitir algo demasiado urgente que não pode ser expresso por palavras.
E hoje sobra só este silêncio paralisante que sufoca o espaço que existe entre nós.
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3 comments:
Se o sonho comanda a vida e a esperança é a última a morrer porque não hei de lutar contra um coração espinhoso e compacto? Porque não hei de abri-lo ao mundo e sem medo de sofrer partilhar experiencias, boas, más, recompensadoras, anódinas...todas fazem parte da vida e (não podendo evitá-lo) não quero morrer já! Beijos!
..talvez um longo caminho pela praia te bastasse..ou um fim de tarde quente, agora nestes dias de Inverno tão frios...
Só para dizer que deixei um selinho no meu blog :)
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