Monday, December 08, 2003

«Ninguém disse que os dias eram nossos...»

Há muito tempo que me questiono sobre a razão de estar aqui, a razão de colorir sonhos num futuro que me ensinaram a respeitar mas que nem sequer sei se me pertence, a razão de obedecer à imponência atroz dos minutos que parecem atropelar-se de tão apressados... Questiono-me ainda mais quando descubro os rasgos caprichosos do destino que um dia nos escolhe porque sim e nos faz abandonar aqueles que mais amamos.
Ouvi um dia dizer que nada é permanente senão a morte... Cada vez mais entendo a verdade que estas palavras encerram, mas, por outro lado, desconheço profundamente a sua lógica e acho que a desconhecerei para sempre. Para os que ficam, esse final, imposto injusta e impiedosamente, será sempre alvo de uma revolta flutuante, de incompreensão impotente, de uma saudade que nos despe de defesas e de uma tristeza que trai os nossos sentidos. A definição mais simples e a mais clara de todas, ouvi-a de uma criança de 6 anos com a autenticidade que só as crianças conseguem transmitir. A morte é estúpida e má... e foi esta a definição infantil, mas tão verdadeira, que me ficou até hoje. De facto, a morte é estúpida... E é má... Ela vive dos desgostos e desilusões capazes de corroer as cores de um sorriso e cerrar as pálpebras dos sonhos...
Mas tudo depende do lugar onde a colocamos; tudo depende da força que lhe concedemos. Quanto a mim, prefiro continuar a acreditar que há uma razão para tudo isto, uma razão que nos transcende por agora, mas que a todos um dia se revelará. Quem já não está aqui, decerto já percebeu a razão de se morrer por ser preciso, nunca por chegar ao fim...
Continuo a acreditar no amor e que não vale a pena viver sem se amar alguém, mesmo que este alguém parta para o céu ou qualquer outro lugar...

1 comment:

Renato Martins said...

Amor e Morte acabam por ser iguais: eternidade e utopia