Friday, July 29, 2005

O tempo parou. Os pés pedem para caminhar. É neste impasse descrente que, como boneca pálida sem caminho, percorre a calçada familiar daquele bairro agora triste, mais cinzento. As pessoas já não sacodem a alegria à janela nem reparam sequer no regresso daquele rosto perdido. Continua a caminhar por entre as ruas estreitas, relembrando antigas piruetas e enérgicos rodopios. Ali não há horizonte. Só sonhos pretéritos, amordaçados em cada esquina. É como se estivesse a folhear um velho álbum de fotografias onde se espalham antigos abraços, sorrisos clássicos e caras esquecidas. Em cada uma dessas imagens rasuradas pelo tempo, um pedaço de vida. Ali fora feliz. O céu ameaça lacrimejar uma chuva oblíqua e denuncia a mensagem límpida do seu olhar. Tranquila, deixa para trás aquela calçada irregular. O tempo recomeça a contagem decrescente. Os pés pedem para caminhar…

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